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Mulheres e bateria, por Camila Andolfato

Atualizado: 2 de ago. de 2020

Depois de dois anos e meio estudando, hoje posso dizer que toco bateria. E posso dizer que foi a melhor coisa que fiz por mim.

Quando você pensa em citar um baterista, provavelmente não será uma baterista mulher sua primeira referência e existem milhares delas por aí.

Que me desculpem os outros instrumentos, mas a batida é fundamental. A bateria é o coração que preenche a música, é a batida e o que conduz a banda. É fazer quatro movimentos diferentes ao mesmo tempo e quando a frase sai certa ou aquela virada encaixa no tempo, é uma das melhores sensações.

Não é um instrumento que você vai poder fazer uma roda e cantar numa festa. Ela é grande, barulhenta e você não pode carregar para qualquer canto com facilidade. Quando estamos no início, certamente são grandes as chances dela se tornar um instrumento de tortura para quem está te ouvindo.


Dizem que ninguém se torna um baterista, mas sim que você é um(a) baterista. Que é necessário ter algum tipo de coordenação para que suas mãos te obedeçam. E é uma das coisas mais legais no mundo.

O meu primeiro amor na bateria foi o John Bohnam, carinhosamente apelidado de A Besta. Todos os membros que formavam o Led Zeppelin eram músicos incríveis, mas aquelas batidas e do jeito que ele preenchia a música era a única coisa que eu conseguia prestar atenção.... e ainda hoje sinto essas batidas do mesmo jeito.

Mulheres e bateria não são frequentemente associadas. Certamente já escutamos alguma vez: "mas você não tem cara de baterista". Não sabia que baterista precisava uma aparência específica, sendo apresentada por musicistas de diversas idades e estilos musicais e isso eu também aprendi ao abrir meu espectro de referências.


Uma das primeiras bateristas profissionais que se tem registro foi a norte-americana Viola Smith. Tocou em orquestras populares, bandas de Swing e foi a baterista na produção original do famoso musical Cabaret na Brodway.




Ela foi uma pioneira, em uma época que mulheres não eram valorizadas como músicos profissionais. Começou a tocar com 16 anos, apareceu no Ed Sullivan Show e foi na capa da revista Billboard como “a garota baterista”.


Viola hoje tem 107 anos e continua tocando.





Você se lembra quando notou uma mulher na bateria pela primeira vez?


Pelo o que eu me lembro minha primeira influência real feminina foi a Leah Shapiro, do BRMC, pensando: "Putz, eu quero ser como ela".


Leah não faz parte da formação original e antes de tocar com o BRMC foi baterista de turnê do Raveonettes. Traz em suas batidas aquela aura densa da música, crua e arrastada... um show que é para assistir colada na grade, em um lugar pequeno onde podemos acompanhar seus movimentos de perto.



(©Michelle Shiers Photography)


E quem se lembra de Maureen Moe Tucker do Velvet Underground? Visual andrógeno e considerada uma das 100 melhores bateristas de todos os tempos pela Rolling Stone (mas quem liga para as listas da RL?) Moe Tucker trouxe sofisticação ao som da banda e nas palavras de Joe Harvard que escreveu o livro The Velvet Underground & Nico – ‘o livro do disco (2014),(...) Moe desenvolveu um estilo único e um som sem floreios em nome de uma batida simples e incansável (...).



Todo mundo (acho) sabe que o punk rock teve uma de suas origens ali. E o resto é história, já sabemos o que aconteceu com quem viu a banda tocar. E mais quantas bateristas ela inspirou.


Hoje minha nova descoberta é a Cat Myers, que tocou em turnê com o Mogwai. Um som forte, melódico e sensível ao mesmo tempo, como só os escoceses conseguem fazer. Cat consegue colaborar com a banda que intercala momentos de silêncio que crescem em uma melodia vigorosa e linda, tudo isso envolto no clima que a banda cria no palco.



A lista de garotas que são bateristas é enorme e só para citar algumas: Meg White que não precisa de apresentações, Sandy West do Runaways, Karen Carpenter (!!!), Cindy Blackman que tocou com Lenny Kravitz, Torry Catellano do The Donnas, Demetra Plakas do L7, Janet Weiss do Sleater-Kinney, Tobi Vail do Bikini Kill, Sheila E, que tocou com o Prince...


A verdade é que, quando começamos a estudar bateria é natural irmos em busca de músicos que nos representam e nos inspiram. Especialmente nós, bateristas mulheres, que muito provavelmente tivemos nosso primeiro interesse prestando atenção e tentando seguir as batidas de músicos homens incríveis, e que bom que tivemos eles para despertar esse sentimento, mas por outro lado é tão importante buscarmos as nossas referências e nos reconhecermos nessas mulheres talentosas.


Por isso fizemos uma lista de mulheres bateristas para que vocês se inspirem a ir em busca daquela mesma sensação que sentimos quando nos sentamos atrás de um kit e nos ensinam como segurar as baquetas pela primeira vez.



1. ANIKA NILLES

Extremamente simpática e utiliza técnicas super válidas para estudo.




2. DOROTHEA TAYLOR

Baterista talentosíssima com 56 anos de experiência.





3. NANDI BUSHELL

A garotinha inglesa que aparece em sua timeline tocando sempre com muito vigor





4. TAYLOR GORDON

Conhecida como “The Pocket Queen”, a baterista e produtora já tocou com diversos artistas e também com a Beyoncé no intervalo do Superbowl.





5. KRISTINA SCHIANO

Kristina tem um canal no YouTube com diversos covers e dicas

que inspiram sua audiência.




6. LILIAN CARMONA

Considerada uma precursora da bateria brasileira. Começou a

tocar bateria aos 11 anos de idade.




7. FERNANDA TERRA

Professora e baterista das bandas Agrotóxico, Vir Go e Maga Rude.





8. NINA PARÁ

Nina é professora e produz workshops de bateria. Junto com sua irmã gêmea Tatiana Pará tem uma carreira de mais de 15 anos dedicados ao rock e ao blues.

Foram uma das atrações do Samsung Rock em 2019.





9. JESSICA FULGANIO

Fundadora da banda instrumental Ema Stoned , onde tocou durante 7 anos.






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